The Beatles: Candlestick Park, palco do último show em uma turnê da banda.
Os acontecimentos e motivos que antecederam a decisão do fim das turnês dos Beatles.
Por Sandro Abecassis
No dia 29 de agosto de 1966, os Beatles tocaram pela última vez juntos para um grande público.
O show aconteceu no Candlestick Park, em São Francisco, nos Estados Unidos. A apresentação seria a última, uma decisão tomada pelos próprios Beatles.
O motivo era que a banda estava cansada. A qualidade das apresentações eram ruins, tanto em termos de som como de palco e estrutura. A banda quase foi eletrocutada em Cincinnati e, principalmente, as músicas da banda estavam mudando, assim como o mundo, com o recente nascimento do movimento Flower Power.
“Rubber Soul”, lançado no final de 1965, já demonstrava isso, com canções como “Nowhere Man”, “Norwegian Wood”, “If I Needed Someone”, “The Word” e “I’m Looking Through You”. As letras eram mais densas, buscando reflexões e contando histórias. Além disso, as experimentações musicais, o uso da cítara e temas espirituais e sociais e lisérgicos trouxeram amadurecimento para a banda.
No álbum “Revolver”, lançado durante a última turnê, em 5 de agosto de 1966, isso fica bastante claro. Não eram mais canções para dançar. O disco abre com “Taxman”, uma crítica ferrenha aos impostos ingleses. “Eleanor Rigby”, de Paul, é quase uma opereta urbana. Sem mencionar a experimentação em “Tomorrow Never Knows”, “She Said She Said” e “Dr. Robert”. tiradas das experiências com LSD de Lennon, além de publicações como “O livro dos Mortos”, que John havia lido.
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Sair de casa era um problema.
Outro fato importante é que antes de irem para os Estados Unidos, a banda passou pela Alemanha e Japão. Em Tóquio, houve um problema com os tradicionalistas japoneses, que consideraram afronta uma banda de rock tocar no Budokan, um espaço dedicado à prática de esportes milenares japoneses. Além disso, a polícia japonesa controlou todos os passos da banda.
Mas Foi no Budokan que os Beatles conseguiram ouvir o que estavam tocando, já que a polícia japonesa controlava quando o público podia interagir, somente após as músicas. E a banda estava tocando mal, algo que os próprios Beatles percebiam no palco. Veja:
Outro aspecto que contribuiu para o fim das turnês foi a sensação de que tudo estava estranho. A banda foi às Filipinas e quase permaneceu lá devido a uma confusão quase diplomática. Eles “esqueceram” de comparecer ao almoço oferecido pela família Marcos, que detinha o poder no país e foram praticamente “deportados”.
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Já nos Estados Unidos.
Para piorar a situação, a declaração de Lennon em maio, afirmando que os Beatles eram maiores que Jesus Cristo, trouxe grandes problemas para a banda em território americano – Mesmo com John explicando tudo – Discos foram quebrados e rádios boicotaram a banda, principalmente no sul do país. O negócio era tão sério que durante essa turnê de 1966, uma bomba explodiu no palco durante um show em Memphis.
Sobre o show no Candlestick Park
Os Beatles subiram ao palco do Candlestick Park, um estádio de beisebol, às 21h00, e tocaram por 28 minutos para cerca de 25 mil pessoas. Esse número reflete toda a confusão em que a banda havia se envolvido nos últimos meses. Para se ter uma ideia, o público no Shea Stadium um ano antes havia sido de 55 mil pessoas.
No repertório, tocaram “Rock And Roll Music”, “She’s A Woman”, “If I Needed Someone”, “Day Tripper”, “Baby’s In Black”, “I Feel Fine”, “Yesterday”, “I Wanna Be Your Man”, “Nowhere Man”, “Paperback Writer” e encerraram com “Long Tall Sally”. Nessa época a banda não tocava mais músicas como “She Loves You”, “I Want To Hold Your Hand” ou “A Hard Day’s Night”.
Tony Barrow, da equipe de Brian Epstein, gravou quase todo o show, porém com qualidade duvidosa. Ao voar de volta para casa, George Harrison comentou: “É isso aí. Não sou mais um Beatle”. A banda recebeu 90 mil dólares pela apresentação.
“Houve uma grande conversa no Candlestick Park sobre como isso deveria terminar. Naquele show em São Francisco, parecia que poderia ser a última vez, mas eu nunca me senti 100% certo até voltarmos para Londres. John queria desistir mais do que os outros. Ele disse que já estava farto”, disse Ringo.
E George Harrison completou: “Antes de uma das últimas músicas do setlist, na verdade montamos uma câmera, acho que com uma lente grande angular. Montamos no amplificador e Ringo saiu da bateria. Ficamos de costas para o público e posamos para uma foto, pois sabíamos que era o último show.” Conforme contou. Paul McCartney voltaria a tocar no Clandestick Park em 2014, depois ele foi demolido.
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Então, o que aconteceu depois do fim das turnê?
Após o fim da turnê e ao retornar a Londres, os quatro se concentraram em projetos pessoais.
John Lennon foi convidado pelo diretor Richard Lester para gravar o filme “How I Won The War”, uma comédia sobre a Segunda Guerra Mundial, gravada na Alemanha e em Almería, na Espanha. Durante as gravações, Lennon compôs “Strawberry Fields Forever”. Além disso, a Prefeitura de Almería construiu anos depois uma estátua em homenagem a Lennon.
Paul McCartney, junto com George Martin, trabalhou na trilha sonora do filme “The Family Way”, que resultou em um disco considerado o primeiro álbum solo de um Beatle. Paul também fez uma viagem para o Quênia com Mal Evans.
George Harrison partiu para o Oriente com Pattie Boyd para um retiro espiritual, onde encontrou Ravi Shankar em Mumbai, na Índia, e decidiu aperfeiçoar sua habilidade na cítara. Além disso, o músico visitou o Taj Mahal, fazendo diversas selfies no local, quando essa terminologia ainda não existia.
Ringo Starr mudou-se para uma propriedade conhecida como Saint George’s Hill, chamada Sunny Heights, em Surrey. O local tinha diversas comodidades, como uma pista de kart, mesa de bilhar, um grande bar, televisores, projetores de filmes e um kit de bateria.
Em dezembro de 1966, os Beatles voltaram aos estúdios Abbey Road, para as gravações do que seria o “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.
Por fim, toda a história desse ano decisivo na vida dos Fab Four está no livro “Beatles 1966: o ano Revolucionário”, escrito por Steve Turner e lançado em 2018. Portanto, vale a pena ler.
Acho que os Beatles não estavam preparados pra ser uma banda propriamente dita como os Roling Stones. A banda se iniciou com brigas, chegaram a expulsar o Ringo e não gostavam do George Harrison, ele só foi aceito por ser um dos melhores guitarristas da época.
O ringo nunca foi expulso, foi apenas substituido em uma gravação por Andy White em Love me do, porque George Martin queria testar um outro baterista. E gostavam sim do George, que entrou na banda quando era um adolescente de 15 anos, em 1958, quando paul tinha 16 e John 18 e ainda nem eram Beatles e nem famosos. As desavenças sempre existiram afinal eram cabeças geniais, mas como eles mesmo dizem, eram os melhores amigos e sempre melhores amigos brigam, sugiro a leitura do livro Tune In, uma biografia em dois volumes sobre a banda.
Os Beatles sem sombra de dúvidas eram formados por três gênios e Ringo na bateria. E isso ao invés de ajudar atrapalhava. Pois todos queriam um holofote. Causa certa da prematura separação do grupo. E sobre os shows o mundo passava por mudanças com Pink Floyd e Led Zeppelim com seus shows de duas horas. 30 minutos não eram mais considerado um show completo…
Exatamente, você falou tudo, Gostei da sutileza: ” três gênios e Ringo na bateria”, rsrsrsrs. Obrigado, sempre procuramos criar matérias interessantes.
Faltou vc dizer que o Ringo também foi substituído na apresentação da Austrália, quando teve que operar as amígdalas. Não me lembro agora do nome do baterista, diz aí.
Sim isto aconteceu, mas foi em 1964, quando foi substituído por Jimmy Nicol, clicando aqui você lê sobre a história.